Substância, estrelado por Demi Moore, vem ganhando destaque na temporada de premiações, especialmente pelo embate com Fernanda Torres no Oscar. Com essa rivalidade em mente, assistir ao filme se tornou quase uma obrigação. No entanto, apesar da relevância da discussão proposta, a execução me afastou mais do que me envolveu.
O longa transita entre thriller e terror corporal, gêneros que não costumo apreciar, e Substância reforça exatamente os motivos pelos quais me distancio desse tipo de filme. Sons exagerados, como mastigação e ruídos grotescos, são usados como recurso narrativo, mas, em vez de acrescentarem tensão, tornam-se incômodos e desnecessários.
A crítica à obsessão pelo corpo perfeito, vivida por Demi Moore de forma intensa e angustiante, é, sem dúvidas, um dos pontos mais fortes do filme. A cena em que sua personagem encara o espelho, lutando para aceitar sua aparência antes de um encontro, é universalmente feminina – todas já passamos por isso. Mas o excesso de fluidos corporais e transformações bizarras, como a grotesca abertura de sua coluna para dar lugar a uma “nova versão” de si mesma, destoam da proposta e soam gratuitas.
Margaret Qualley, que também compõe o elenco, entrega cenas de intimidade e sensualidade que, honestamente, não agregam ao enredo. E o clímax do filme – alerta de spoiler – com a protagonista se tornando uma criatura monstruosa, quebra qualquer impacto dramático que o longa poderia ter. Em vez de um final impactante, Substância parece perder sua identidade, passando do drama psicológico para um terror grotesco e, por fim, um filme trash dos anos 80.
Apesar da premissa interessante e da forte performance de Demi Moore, Substância não funcionou para mim. Sua mensagem poderia ser poderosa, mas se perde em escolhas estilísticas exageradas que acabam afastando o público em vez de envolvê-lo.
