Por que eu escrevo?

Já me peguei pensando várias vezes sobre o motivo pelo qual eu escrevo. No fundo, acho que escrever sempre foi uma maneira de encontrar companhia em mim mesma.

Tenho poucos amigos—duas pessoas que sei que estão sempre lá, uma espécie de âncora na minha realidade, na minha solitude. Minha família está presente: meus pais, minha filha. Mas com meus pais, temos grandes divergências ideológicas, e minha filha ainda é muito pequena. Não é sempre que posso conversar sobre tudo com eles. Então, eu escrevo. Escrevo para dar sentido aos meus pensamentos, para me divertir, e porque se tornou um hábito.

Desde pequena, gostava de ficar sozinha criando histórias. Minhas bonecas não apenas brincavam; elas tinham tramas, motivações, dilemas. Se uma delas ia dormir ou trabalhar, precisava haver um motivo. Se estava cansada, primeiro tomava um banho, comia e descansava antes de seguir sua rotina. Eu buscava coerência nas narrativas, mesmo sem perceber que, naquele momento, já estava praticando construção de personagens. Sempre me fascinou essa internalização das emoções e ações, essa lógica invisível que faz as histórias fluírem.

Talvez escrever tenha se tornado o meu dom, ou talvez seja apenas essa vontade incontrolável de contar histórias com todas as suas nuances e possibilidades de interpretação. Quero que meus leitores tenham uma visão completa, que possam refletir antes de julgar um personagem, uma situação, ou até mesmo uma pessoa real. Sempre me encantei com quem sabe contar boas histórias.

Quando eu era pequena e ia ao médico com minha mãe, ela sempre parava em uma banquinha de revistas na volta e me comprava um gibi da Turma da Mônica. Era um presente por eu ter me comportado. Para mim, os livros e quadrinhos sempre foram isso: um presente, um refúgio, um espaço de conforto dentro de uma vida que nem sempre foi fácil.

Minha avó foi uma das grandes contadoras de histórias da minha vida. Graças a ela, a história da minha família sobreviveu. Conheço narrativas que atravessam três, quatro gerações—de quando meu avô saiu de Portugal, de tudo o que passaram até chegarem aqui. E não era apenas sobre preservar a história, mas sobre saber contá-la de forma envolvente. Lembro de como minha avó assistia a filmes e depois repassava a história para aqueles que não conseguiam ler ou ir ao cinema. Ela sabia transformar qualquer acontecimento em algo interessante.

Talvez tenha sido essa habilidade dela, combinada com o conforto que encontrei nos livros, que me levou a escrever. É por isso que, até hoje, esse é o meu lugar favorito. Eu escrevo porque, no fundo, contar histórias sempre foi a maneira mais bonita que encontrei de estar no mundo.

Vivy Corral

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

deneme bonusu veren sitelerdeneme bonusu veren sitelerbetpasdeneme bonusu veren sitelerrestbetdeneme bonusu veren sitelerzegnabetdeneme bonusu veren sitelerbetpasdeneme bonusu veren sitelerbethand