Napoles, Vesúvio e Pompéia

23/07 – Sábado

Acordei por volta das sete da manhã e peguei um trem para Nápoles. Ainda não acredito que estou deixando Roma sem ter visitado nem metade dos museus que há por lá. Para me sentir realmente satisfeita, acho que precisaria passar pelo menos mais quinze dias na cidade. Sinto um pouco de tristeza por partir e, enquanto via as flores e árvores pela janela do trem, fiquei ainda mais melancólica. Não sei se algum dia voltarei.

Algumas horas depois, quando cheguei a Nápoles, estava morrendo de fome (não me arrisco a comer nada no trem, sei que fico enjoada com facilidade). Assim, entrei no primeiro restaurante que vi na estação: McDonald’s. Ainda me pergunto por que os Big Macs da Itália são mais magros e maiores que os do Brasil.

Enfim, peguei um táxi para o hotel e desfiz a mala apenas com o necessário para o dia. O tempo está passando muito rápido hoje e, quando finalmente saí do hotel, já eram quase três da tarde. Como os museus fecham às cinco, não tive tempo de visitar nenhum deles. No porto, já não havia mais barcos para a Ilha de Capri, então desisti e apenas caminhei pela cidade.

Não vi muito de Nápoles—apenas andar pelo porto não é suficiente para conhecer toda uma cidade (embora tenha sido suficiente para eu pegar um bronze). Minha prioridade aqui é subir o vulcão Vesúvio amanhã. Se houver tempo, quero visitar o museu arqueológico e o Duomo, mas não estou contando com isso.

24/07 – Domingo

Mais uma vez, acordei às sete da manhã, mas desta vez peguei o trem Circumvesuviano (que significa trem que circula o vulcão). Comprei um bilhete que me dava direito a pegar o trem para Pompeia, o ônibus para o Vesúvio, a entrada para a cratera e um almoço em um dos vários restaurantes ao longo do caminho.

Tirei uma foto da assustadora estação de trem de Pompeia, a Vila dos Mistérios.

Primeiro, subi o Vesúvio antes de ir a Pompeia. Nunca imaginei que um dia escalaria um vulcão na vida! Foi incrível! O ônibus me levou até o parque geológico, passando por árvores queimadas e lava seca. É uma experiência e tanto ver as rochas petrificadas e os primeiros brotos de ervas conseguindo crescer em meio à lava, mesmo depois de mais de sessenta anos da erupção. De alguma forma, toda aquela destruição era… bonita.

O ônibus parou cerca de dez metros antes da cratera, porque lá em cima só há cinzas, tornando impossível subir de carro… e mesmo a pé foi muito difícil! Precisei de um bastão para me apoiar.

Quando pisei no caminho coberto de cinzas, meu pé afundou cerca de 18 centímetros no pó. Essa foi a parte mais difícil, pois as cinzas eram escorregadias e quase rolei para dentro da cratera três vezes. Acabei com o joelho sangrando, porque sou desastrada assim.

O Vesúvio tem cerca de quatro mil anos e geralmente fica inativo por longos períodos, com pequenas erupções a cada cem anos. A maior erupção ocorreu há dois mil anos, quando destruiu Pompeia e algumas cidades vizinhas. Os cientistas dizem que uma erupção desse porte ocorre a cada dois mil anos, o que significa que uma nova pode acontecer ainda neste século.

Há um senhor que mora em uma pequena casa com uma loja bem ali. Ele se autodenomina o guardião do vulcão, pois nasceu ali e o estudou ao longo da vida. Escreveu livros sobre o Vesúvio e já presenciou duas erupções. Até hoje, ele conta aos turistas histórias do que testemunhou.

Mas voltando à escalada da cratera… quase morri na última vez que escorreguei, porque meu pé ficou pendurado sobre o penhasco. Um homem polonês que estava por perto me segurou antes que eu caísse. Depois disso, fiquei um pouco assustada, mas continuei subindo até chegar à cratera. Subi em uma rocha e olhei para dentro.

A cratera é absurda, algo que eu nunca pensei que veria e que atendeu completamente às minhas expectativas. Eu não imaginava que fosse tão larga e alta, parecia um enorme escorregador, como um arco. Fiquei imaginando como seria divertido deslizar por ali. Continuei andando, pois queria dar a volta inteira na cratera e admirar a vista maravilhosa de Nápoles e Pompeia.

A paisagem era realmente de tirar o fôlego. O Mediterrâneo deve ser o mar mais azul de todos. Era tão azul quanto o céu, e era impossível saber onde o mar terminava e o céu começava. Achei que vi navios voando e nuvens finas brancas na água. Isso é algo que nunca vou esquecer, junto com apenas duas flores roxas que conseguiram crescer bem ali, na borda da cratera.

O caminho ao redor da cratera ficou ainda mais perigoso à medida que eu avançava. Havia apenas um metro e meio de solo firme para pisar e, como já tinha escorregado três vezes, decidi não arriscar mais e voltei para onde era seguro.

Depois disso, peguei o ônibus de volta e parei no restaurante. Quando entrei no banheiro para lavar as mãos, fui completamente surpreendida. Tive que me lavar da cabeça aos pés. Eu estava toda cinza, completamente coberta de cinzas.

Comi o melhor espaguete até agora naquele restaurante, com um molho especial Vesúvio – ou seja, muita pimenta! Foi simplesmente delicioso. De sobremesa, um sorvete de menta, e finalmente voltei para Pompeia, pois minhas surpresas do dia ainda não tinham acabado.

Em Pompeia, peguei um mapa e passei cinco horas explorando a cidade fantasma. As casas queimadas estavam abertas para visitação, assim como os templos. Em um deles, vi pinturas nas paredes – o único exemplo de pintura romana que restou até hoje. Os romanos não tinham tradição de pintar, sua arte consistia na construção de enormes templos, teatros e esculturas para homenagear os Césares. A única forma de pintura real era a decoração de paredes de templos… e foi exatamente isso que vi.

Pompeia foi soterrada por cerca de seis metros de lava no ano 79. Foi descoberta no século XVI e começaram a escavá-la em 1748. A cidade é enorme, com cerca de duas mil pessoas vivendo lá quando foi destruída. Caminhei até a Villa dei Misteri (Vila dos Mistérios, onde há um afresco intacto do deus Dionísio) e pela Via della Fortuna (Rua da Fortuna). Visitei o Vicolo dei Vetti (Casa dos Vetti, onde havia mais pinturas) e segui explorando até chegar à Casa do Fauno, que tem uma pequena estátua desse deus no chão.

Seguindo pelas ruas a oeste, encontrei o local onde os arqueólogos guardam os achados das escavações. Vi três corpos humanos perfeitamente preservados por todos esses séculos. A lava os manteve exatamente como estavam no momento de sua morte. Um estava ajoelhado rezando, outro deitado gritando de dor, e um terceiro completamente relaxado, provavelmente morreu dormindo. Foi impressionante.

O teatro era um exemplo perfeito do entretenimento romano. Eu só tinha visto o Coliseu antes, mas este era menor e demonstrava perfeitamente a acústica impecável dos teatros romanos. Dizem que, mesmo que os atores falassem baixo no centro do palco, todos conseguiam ouvi-los.

Infelizmente, tive que voltar para o hotel. Tomei um banho e segui para a estação. Às 22h, embarquei no trem noturno para Palermo. Vou chegar por volta das 9h da manhã. Tenho muita sorte de haver camas e cobertores nesses trens noturnos.

Hoje foi um dos melhores dias até agora.

 

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