Flow

Neste final de semana, assisti a um dos melhores filmes desta temporada de premiações: Flow. Trata-se de uma animação sem falas, que acompanha a jornada de um gatinho. À primeira vista, pode não parecer um conceito grandioso ou digno de prêmios, mas o filme se destaca não apenas por sua narrativa envolvente, mas também pelo fato de ser uma animação independente – algo ainda extremamente desafiador de se produzir.

Nos créditos finais, descobrimos que o filme foi feito inteiramente no Blender, um software de animação que não faz parte do mainstream de grandes estúdios como Pixar e Disney. Isso por si só já torna Flow um marco na animação.

A história segue um gatinho que vive em um mundo auto-centrado e individualista. Ele está cercado por desenhos e estátuas de si mesmo, e tudo ao seu redor reflete apenas sua própria imagem. No entanto, sua vida não é isenta de desafios: ele precisa caçar, fugir de perigos e buscar água em um rio próximo. Seu primeiro contato real com outros animais acontece quando rouba um peixe de um grupo de cães. Esse evento muda tudo, pois é justamente nesse dia que um grande fluxo de água invade sua casa e a floresta onde vive.

A enchente se torna um perigo para todos os animais, e o gatinho se vê diante de uma luta desesperada pela sobrevivência. A água sobe até cobrir as copas das árvores, e nem mesmo o topo de suas próprias estátuas é um refúgio seguro. Quando parece não haver mais saída, surge uma capivara em um barco, que resgata o gatinho e o leva em uma jornada.

O filme segue fielmente a estrutura da jornada do herói. No início, o protagonista resiste à companhia dos outros animais, mas, aos poucos, aceita sua nova realidade. Há um momento de virada em que ele começa a se conectar com seus companheiros, formando laços de amizade. Um dos momentos mais simbólicos é o encontro com um leviatã, um monstro marinho que adiciona camadas metafóricas à história.

A água, elemento central do filme, simboliza a transformação emocional do gatinho. Ele sai de um estado de isolamento e passa a se abrir para o mundo. Isso fica evidente na cena inicial, em que ele olha sozinho para o próprio reflexo, e na cena final, em que, ao lado de seus amigos, contempla o reflexo de todos juntos.

Flow é um filme doce, com um simbolismo profundo, que faz o espectador refletir. Deixei minha filha assistir, e, embora ela não tenha captado todas as camadas da narrativa, para ela foi uma experiência encantadora, cheia de bichinhos bem animados. Tecnicamente, a animação é belíssima, e os movimentos dos animais, embora expressivos, mantêm um realismo impressionante.

Emocionalmente, Flow é um filme que deixa uma marca. E, honestamente, acredito que ele tem chances reais de levar o Oscar, até mesmo no lugar de Divertidamente 2.

Vivy Corral

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